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Consultar Relatório e Contas 2020 em Português
Consultar Relatório e Contas 2020 em Inglês
O ano 2020 foi marcante na vida de todos nós. Pela primeira vez vivenciamos uma verdadeira pandemia, provocada pelo vírus SARS-CoV-2.
Esta pandemia teve um impacto significativo na vida das pessoas e das empresas. As restrições às liberdades foram imensas, não só restrições de movimentação entre países, como vários períodos de confinamento obrigatório. Já ao nível das empresas, verificamos períodos de lock-down, alterações a procedimentos de segurança, alterações a procedimentos de logística ou alterações à forma como são executadas as tarefas. Tudo com o propósito de afastar as pessoas entre si e evitar a propagação do vírus.
Ora, grande parte do ano 2020 foi passado a discutir se os governos deveriam privilegiar a saúde pública ou a “saúde” das suas economias. Sendo certo que essa linha era muito ténue, porquanto a um aliviar das restrições implicava um avolumar de casos de doença, provocava pressões sobre os sistemas de saúde, tendo como consequência o aumento de mortes e contração, quer na confiança dos consumidores como na economia. Já a opção por confinamento das pessoas teve como consequência imediata a quebra do consumo, com naturais implicações não só no produto como também na necessidade de serem adotadas medidas de mitigação às quebras dos rendimentos de famílias e empresas. Tudo isto com efeitos imediatos nos deficits e nas dívidas.
Ora, sendo estas opções tão difíceis de avaliar e de implementar, foi imediatamente possível assistir a um proliferar de medidas diferenciadas entre os diversos governos, alinhando as medidas em função das suas agendas ou programas. Isto levou a um avolumar de medidas, sendo difícil de acompanhar a forma como eram publicadas.
Ora, todo este contexto foi particularmente desafiante para a ConstruGomes. A Empresa é, basicamente, uma empresa portuguesa que se dedica à execução de trabalhos em betão nos maiores projetos infraestruturais a nível global. Estando nos maiores projetos, quer dizer que se juntam grandes quantidades de pessoas, sendo estes projetos internacionais, quer dizer que temos de efetuar processos de logística mais complexos para alocar recursos portugueses a estes grandes projetos internacionais.
No ano 2020 a Empresa realizou trabalhos em Portugal, Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Brasil, Eslováquia e Dinamarca. Tivemos ainda diversas intervenções comerciais ou técnicas em múltiplos países tais como o Paraguai, o Equador, a Colômbia, a Irlanda, os Países Baixos ou a Noruega.
Com este contexto, naturalmente que a atividade da Empresa sofreu naturais consequências. Ao nível produtivo tivemos que adotar medidas preventivas para afastamento de pessoas, tivemos de alargar horários, adotar teletrabalho e reforçar ainda mais a higiene e a segurança. Ao nível da logística tivemos de evitar as deslocações, tivemos de aumentar recursos para diminuir o número de utilizadores por veículo ou habitação. Tudo isto implicou uma menor produtividade e um aumento dos gastos. Felizmente, com muito empenho e dedicação por parte de todos os nossos colaboradores, foi possível evitar o lock-down. Apenas na Bélgica, e derivado de uma instrução governativa, é que fomos obrigados a suspender a atividade. Nos demais mercados e projetos, e apesar das enormes complexidades técnicas dos mesmos, como dos enormes desafios legislativos atrás referidos, conseguimos manter a atividade e ultrapassar todas as adversidades causadas pela pandemia.
Durante o ano 2020, e apesar da pandemia, seguimos o nosso projeto empresarial estruturado em quatro vetores fundamentais: o crescimento da atividade; a sustentabilidade do negócio; a especialização; a internacionalização.
Ao nível da atividade, o ano 2020 ficou aquém, do volume de negócios que pretendíamos e o resultado foi, também ele, inferior ao que desejávamos. Assinalamos um volume de negócios de 25,3M€, que compara com os 30,6M€ registados em 2019. Registamos ainda uma diminuição dos Resultados líquidos do Exercício, de 374.497,92€ para 160.202,53€. Para estes resultados muito contribuíram, quer o aumento de gastos, quer diminuição da produtividade, derivados da pandemia.
Contudo, o plano mantém-se válido e a própria pandemia o veio confirmar. Se não tivéssemos defendido aqueles vetores fundamentais para o nosso plano de negócios as consequências da pandemia para a Empresa poderiam ter sido bem mais gravosas.
Efetivamente, a nossa especialização nas áreas de atuação críticas para os grandes projetos de infraestruturação, mormente através da nossa capacitação para a conceção, desenvolvimento, fabricação e utilização de modernos sistemas produtivos de cofragem, a capacitação dos nossos recursos humanos, o contino investimento na certificação dos nossos sistemas de gestão da qualidade, da segurança e saúde, da gestão das pessoas e da gestão ambiental, têm permitido à Empresa estabelecer-se como benchmark na área da aplicação de betão em grandes projetos infraestruturais.
A continua opção por “abraçar” os mercados internacionais permite também diminuir o risco da atividade, melhorar a sustentabilidade do negócio, projetando necessariamente a vontade de fazer crescer a atividade global da Empresa.
Não podemos deixar de assinalar a contratação do projeto da ponte sobre o rio Paraguai entre Assunção e Chacoí no Paraguai, que confirma e valida toda esta estratégia. Sendo a Empresa reconhecida como benchmark, acabou por ser integrada no consórcio vencedor como subempreiteira designada, para lhe conferir capacidade técnica, que de outra forma não a poderia garantir.
Isto permite-nos crescer ainda mais na cadeia de valor e aumentar a nossa atividade e sustentabilidade.
Pelo que, tendo plena confiança no plano gizado para este mandato, a Administração da Empresa acredita piamente que deverá continuar a construir pontes pelo mundo, implementando de forma taxativa o slogan “Bridging the World”.
Isto não será possível sem o continuo contributo de colaboradores, cliente, fornecedores e parceiros. Contamos com todos e a todos, desde já, o nosso muito obrigado.
Carlos Gomes - Presidente do Conselho de Administração