Consultar Relatório e Contas 2021 em Português
Consultar Relatório e Contas 2021 em Inglês
O ano de 2021, foi um ano muito exigente para todos nós. Depois de em 2020, termos vivido pela primeira vez uma verdadeira pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV-2, em 2021 vivenciamos uma “retoma progressiva” que, ainda com muitas restrições e condicionalismos, foi possível desenvolvermos a nossa atividade, pugnando sempre pela saúde dos nossos trabalhadores.
Quando em 2019 estabelecemos os objetivos estratégicos para o quadriénio estes eram ambiciosos para o mandato. Esses objetivos alicerçavam-se em quatro pilares fundamentais: o crescimento da atividade; a sustentabilidade do negócio; a especialização; e a internacionalização. Estes mesmos objetivos foram subdivididos em ações que identificávamos de forma muito concreta:
• Atingir a sustentabilidade do negócio;
• Alcançar o estatuto PME Excelência;
• Aumentar o volume de negócios e a presença internacional;
• Crescer no referencial nacional do ramo da execução de pontes com recurso a carros de avanço;
• Consolidar a presença nos mercados onde operamos, através de abertura de representações;
• Centrar a atividade no estudo de obras singulares;
• Conceber e comercializar carros de avanço.
Ora, à data em que escrevemos este relatório, poderemos dizer que estes últimos anos foram marcados, de forma muito vincada, por factos que eram impensáveis quando estabelecemos os objetivos para o mandato.
Desde logo, porque ainda em 2020, vivenciamos uma pandemia, pandemia esta que teve brutais consequências ao nível da liberdade das pessoas. Foram feitas imensas restrições à circulação de pessoas, com o único intuito de evitar o contacto entre humanos e, por essa via, o disseminar do vírus.
Pelo que a atividade da ConstruGomes teve de ser repensada ou, pelo menos, significativamente alterada. Nos processos produtivos tivemos de alterar procedimentos no sentido de afastar os trabalhadores uns dos outros. Sendo a ConstruGomes uma empresa com foco internacional, os processos de logística foram imensamente afetados, tendo sido necessário repensá-los na íntegra. Na função comercial e nos procedimentos internos tivemos de adotar novas ferramentas digitais para nos reaproximarmos, quer dos clientes, quer dos diversos órgãos da Empresa.
Obviamente que todas estas alterações tiveram impactos negativos, quer do ponto de vista do incremento de gastos que a sua adoção implicou, quer, principalmente, pela redução do rendimento produtivo que a adoção de medidas tendentes à mitigação do contágio pelo COVID-19 provocou nos nossos projetos.
Ao longo dos muitos meses desta pandemia a ConstruGomes conseguiu adotar medidas de forma incremental. Ao contrário do verificado em 2020, no ano 2021 não tivemos qualquer período de “lock-down”. Contudo, estivemos expostos a períodos de quarentena obrigatórios decretados pelos governos nos mercados em que operamos. Conseguimos gerir recursos de forma mais eficiente, mitigando gastos e tentando obviar as perdas produtivas. Para o conseguir foi necessário, em primeira instância, um esforço individual de cada um dos nossos colaboradores, e depois um esforço concertado ao nível organizacional, desde as chefias produtivas de cada projeto, passando pelas equipas de higiene e segurança, até aos serviços centrais da Empresa que coordenaram todos estes procedimentos. A todos o nosso muito obrigado pelo vosso compromisso para com a ConstruGomes.
Ainda durante o ano 2021 o mundo começou a sentir dificuldades nas cadeias de fornecimentos internacionais, existiu um alastrar das tensões geopolíticas, cuja consequência mais visível foi o aumentar dos preços da energia. Ora, da conjugação destes fatores existiu um aumento generalizado dos preços, com imediato reflexo na inflação. Como medida de combate à inflação os bancos centrais iniciaram processos de redução da liquidez nos mercados e aumento das taxas de juro. A curto prazo espera-se um aumento generalizado dos salários. Estes são fatores críticos para a economia e para a ConstruGomes.
Todo este cenário de incerteza acaba de ser potenciado pelo recrudescimento de políticas protecionistas e, principalmente, pelo surgimento de uma guerra na Ucrânia.
Pelo que o contexto em que se desenvolveu a atividade da Empresa ao longo dos últimos três anos, e principalmente em 2021, é totalmente diferente daquele que antevíamos em 2019.
Em 2021, o volume de negócios da Empresa ascendeu 22.630.410,09€. Ora, este montante compara com o valor de 25.257.096,39€ registado em 2020. Pelo que não restam dúvidas que, em 2021, o objetivo de fazer crescer a atividade e ser PME Excelência não foram atingidos. Contudo, ao longo de 2021 fomos capazes de consolidar a nossa atividade, fundamentalmente através da nossa presença internacional. Abrimos um novo escritório na Alemanha, replicando aquilo que já havíamos feito na Bélgica em 2019.
Continuamos a centrar a nossa atividade no estudo e execução de obras singulares, merecendo particular destaque a execução do projeto no Paraguai, em Portugal a adjudicação da construção de quatro viadutos na EN14 bem como a adjudicação do viaduto de Pardais e a execução três pontes na Alemanha. Fomos capazes também de fabricar e fornecer um conjunto de carros de avanço para a obra do Paraguai. Pelo que poderemos afirmar que, muito embora o contexto muito especial que vivemos, a maioria dos objetivos estratégicos atrás identificados foram efetivamente atingidos.
E, não podemos deixar de mostrar a nossa satisfação pelo facto de, mesmo neste contexto tão especial, os resultados líquidos do exercício terem sido positivos de 645.568,30€. Aliás, ao longo de todo o mandato os resultados líquidos foram sempre positivos. Isto demonstra a resiliência da Empresa e a assertividade da estratégia.
Continuaremos focados na capacitação da Empresa, e a esse nível não poderemos de deixar de chamar atenção para a capacitação interna dos nossos recursos. Mas também atuaremos ao nível do investimento, criando novos edifícios em Perelhal e adquirindo ou produzindo novos equipamentos produtivos.
Ao nível estratégico tentaremos crescer na cadeia de valor, e, com base na nossa experiência e capacidade produtiva, tentaremos concorrer a alguns projetos específicos como empreiteiros gerais. De resto, já o fizemos em 2021 quando concorremos ao projeto da Ponte Francisco António dos Santos no Porto, em consórcio com outra empresa portuguesa.
Vamos ainda tentar reforçar a nossa presença junto da fileira energética, aproveitando o atual contexto político. Já temos experiência relevante em projetos de armazenamento de gás, de barragens, de centrais de ciclo combinado, de centrais nucleares e de produção de energia eólica. Acreditamos que esta fileira terá grandes investimentos nos próximos anos e que praticará preços mais vantajosos. São vantagens competitivas que deveremos e vamos aproveitar.
Assim, é nossa convicção que o plano estratégico era coerente e, atendendo às alterações de contexto e às adaptações entretanto introduzidas, mantém-se válido e será capaz de potenciar a atividade da Empresa e a rendibilidade da mesma.
Com este plano, estamos certos de que a ConstruGomes continuará a construir pontes pelo mundo, dando plena aplicação do slogan corporativo “Bridging the World”.
Carlos Gomes - Presidente do Conselho de Administração
